domingo, 23 de outubro de 2011

Da ausência


"Se pra você a guerra está perdida
Olha que eu mudo os meus sonhos, pra ficar na sua vida!"
 
 
 

 
Consigo distrair os batimentos cardíacos que sinto em lugares do meu corpo que ainda queriam mais um toque dele. E partes da minha pele que saem buscando porque ainda não receberam a informação do fim, o sangue ainda não levou a má notícia para meu corpo todo. E consigo distrair minhas roupas, que querem se mostrar, cada dia uma diferente, para ele. Só para ele. E distrair meus ouvidos loucos pela... sua voz. E distrair meus pés loucos pra encaixar atrás da sua batata da perna. E distrair minha língua, querendo decodificar e marcar cada centímetro das suas estranhezas. E distrair a crença cansada, a saudade renegada. Distrair essa sobrinha de você que continua enorme, mesmo sendo, agora, uma sobrinha.

(Tati Bernardi)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Teu sorriso, um abrigo

Faltam palavras, descrições, canções. Falta tanta coisa para sentir o que um dia sentimos. Falta coragem de assumir, coragem de esquecer, coragem de fazer diferente mesmo quando o que se sente continua igual. E hoje, ao pensar no que escrever eu só consigo me lembrar de uma frase:"Te amo tanto, tanto, tanto que te deixo em paz." E sei que você vai ler, e vai me dizer que leu e vai me perguntar se era pra você. E mais uma vez vai me dizer que não quer me machucar. E eu vou entender. Não vou cobrar nada porque já fomos longe demais. E no fundo eu só quero que você guarde um pouco mais. E que daqui a muitos e muitos anos nossa memória consiga se lembrar dos nossos jeitos, sorrisos e momentos. Que o tempo nos permita alguns reencontros sem culpas porque é bom sentir sempre mais uma vez. Porque mesmo a gente voltando para outros abraços só o nosso valerá a pena.
(Tati Bernardi) 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011


"Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!"


(Fernanda Mello)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Do distanciamento

   
”Uma pessoa, quando está longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica. Então, vocês vão se distanciando e, quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar, por cima, de tudo que ele viveu, e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam, elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra.”
 
(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Do necessário



 

- Então não o ama mais?

- Amo. Só guardei isso num cofre. E tranquei. E esqueci a senha. Não porque quis. Foi preciso.




(Caio Fernando Abreu)


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vai passar (!?)



Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? 

O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. 

Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim – nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.

Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente – e não importa – essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”. E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.

Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás – aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.

Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:

- … mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca…

(Caio Fernando Abreu)



P.S: É longo, mas conveniente. 1 mês e 10 dias. Bem menos do que previa. Agora falta passar aqui dentro de mim.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011




Aos caminhos
entrego nosso encontro.



(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 2 de agosto de 2011


Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, 
   nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, 
       nenhuma carga me fará baixar a cabeça.





Quero ser diferente.
       
  Eu sou. 
           
          E se não for, me farei


(Caio Fernando Abreu)

domingo, 31 de julho de 2011



E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana.  
E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda. Porque você enterrou meu sonho aprisionado pela perfeição e me libertou para vivê-lo.
 
E a gente vai por aí, se completando assim meio torto mesmo. E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.



(Tati Bernardi)

terça-feira, 26 de julho de 2011

 
 
 
Pare de correr atrás, pare de se importar. Seja indisponível, desapegue. Pessoas gostam do que não têm.
 
  
 
(Caio Fernando Abreu) 


terça-feira, 19 de julho de 2011



Da série Imagens que valem mil palavras - maravilhas da natureza!!
Lindo!

sexta-feira, 15 de julho de 2011




(...)"O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu. Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher que eu acabei me tornando mulher demais para ele."(...)

(Tati Bernardi)


           "Cada um sabe 
                                  de sua dor e renúncia"



(Paulo Coelho)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Meu jardim



                         Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores                               
                                Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores                                 
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores         
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho                                  
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho 
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho         
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho                              
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

sexta-feira, 8 de julho de 2011

E tudo se perdeu...



Sabe quando alguém está muito doente, sofrendo há um certo tempo e um dia morre? falece? vem a óbito?
A melhor explicação que as pessoas encontram é: - Foi descansar!

Me sinto assim. Penso que depois de tudo, depois do fim, vou descansar. Terei paz. Sossego. Não terei amor, eu sei. Mas minha porção de coragem se esgotou, prefiro agora a tranquilidade da solidão que o tormento do amor. Amor é bagunça. Percebo que recuar também é preciso, às vezes. Juntar os pedaços e recomeçar. Voltar. Renascer. Descobrir outras coisas (elas existem!), outros motivos que despertem um sorriso.  Não se sabe que tempo demorará para tudo se transformar em boas lembranças apenas. Por enquanto segue tudo triste, cinza. Mas enfim, o que enobrece o momento é a sensação de 'fiz-minha-parte', 'tentei', 'insisti'. E só eu sei o quanto insisti. Perdoei. Esqueci. Relevei. Mas até mesmo amor tem limite. Ponto final. Paciência.

Day

quarta-feira, 6 de julho de 2011





"A primavera, o vento, esperei tanto por essa margarida


                                                  e veja só. Atrofiada. Aleijada."






(CFA)


P.S.: Esperando pintar uma jamanta na esquina...

terça-feira, 5 de julho de 2011



"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."

(Caio Fernando Abreu)


P.S.: Tem coisas que fogem de qqr entendimento.. Bem se sabia..

quarta-feira, 29 de junho de 2011

(Re)paginando...


porque recomeçar é preciso, e mudar, ainda mais.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

"Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra 
curar outra pessoa de todos os golpes,
até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando...."



(Caio Fernando Abreu)


Encontrei em http://conceicaopaiva.blogspot.com/search?updated-max=2011-05-18T14%3A16%3A00-03%3A00&max-results=7

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Arte de Mauricio Takiguthi




O Louco


Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo
e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete
máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem
máscaras pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"


Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram para casa, com medo de mim e quando cheguei à praça
do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
"É um louco!"


Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de
amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num grande transe, gritei:
"Benditos, benditos os ladrões
que roubaram minhas máscaras!"


Assim tornei-me louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: e a segurança
de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende
escraviza alguma coisa em nós.




Khalil Gibran




P.S: Texto que sempre vem à minha lembrança como a mais sublime definição do que alguns chamam de loucura.
Ah, se tu, Davi Macedo, estiver aqui, respondi teu comentário no post do R.R.!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Hoje...



Hoje eu acordei numa casa diferente, num quarto diferente, sem nenhuma maquiagem, meus amigos estão ocupados, meus pais não podem sofrer por mim. Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coração, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida
, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz!

Tati bernardi

terça-feira, 25 de janeiro de 2011



"Um dia em que não se aprende nada é um dia perdido"


Jesus disse: - Um dia feliz às vezes é muito raro.